Jornada Americana

A exposição Jornada Americana reune 23 imagens do período de seis meses vividos nos Estados Unidos, impressas com técnica fine art em papel Canson em tamanhos que vão de 20x30cm até 1,5×1 metro. A curadoria é do renomado artista plástico Ralph Gehre.

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Vídeos Jornada Americana

Galeria Objeto Encontrado

Exposição de 18 de maio a 18 de junho de 2011.

102 Norte, bloco B, loja 56. Brasília_DF

Seg. a Sex. das 10 às 19h

Sábados das 10 às 18h.

entrada franca.

A exposição Jornada Americana tem o apoio da escola de línguas Brasas e da Galeria Ponto.

Catáologo de Venda

Itinerário fotográfico:

Nova Yorque

Amazed and confused

Parque Nacional Yellowstone & Estrada.

Jornada_vídeo Yellowstone 

Old Fashion Postcards

O Homem e o Infinito

São Francisco

Pursuit of Happiness

Festival Burning Man

Burning Man

San Jose e Santa Cruz

Bay Area

Parque nacional Yosemite

Yosemite

Estradas de Utah, Nevada e Colorado

Colors of Destiny

Los Angeles

Venice

Flor de Lótus

Rainbow

São Francisco, Treasure Island Music Festival

Treasure Island

Malibu

Malibu

Pacific Coast Route ou Highway 1

Freedom of life

São Francisco, Reveillon

Pursuit of Happiness 3

Parque Nacional Joshua Tree

Joshua Tree

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Texto de curadoria de Ralph Gehre:

Jornada americana

Fotografias de Vitor Schietti

Entre agosto de 2010 e fevereiro de 2011, Vitor Schietti empreendeu uma viagem de registro percorrendo sete mil quilômetros pelos cenários clássicos do meio oeste norte-americano. A jornada incluiu cidades como Nova York, São Francisco e Los Angeles, mas também um longo percurso de carro atravessando deserto, parques e reservas milenares, passando por pequenas cidades do interior, até chegar à beira-mar da Califórnia, registrados em mais de onze mil fotografias ao longo de seis meses na estrada. Simultaneamente, o percurso foi postado na internet e acompanhado por novos e velhos amigos.

Um road tour que se sobrepõe ao caminho de dezenas de outros fotógrafos e artistas, percorrendo os mesmos lugares que agora acolhem a coragem de um novo olhar sobre a ampla riqueza natural daquele país. A paisagem que inspirou, por exemplo, Edward S. Curtis (1868-1952) e David Hockney (1937).

E se é certo o decantado declínio do império, e se acaso a utopia americana se desfaz, desfaz-se diante dos nossos olhos um modo de vida, mas não o continente. Um corpo paisagem e um corpo personagem, aqui capturados como testemunhas da passagem e do olhar específicos de um perguntador. Fotografias tomadas como inscrição das iniciais no caule de uma árvore.

Ainda há urgência em construir-se uma poesia. E a construção dessa poética [em um mundo dominado pela imagem, onde a desordem é a regra, o caos é a ordem e o lixo é a obra máxima da espécie] haveria de pairar sobre a paisagem, como paira o olhar que se pergunta – Onde estou?

Então, a angústia/pergunta não será “quem”, a indagação essencial não se resumirá ao “ser” e tampouco a mão erguerá um crânio. A questão é o lugar (aonde?), e a mão erguerá uma máquina, como um novo astrolábio, e buscará uma direção como quem busca seu lugar original, aquele ao qual deve pertencer.

O domínio técnico de Schietti se evidencia na cor – definindo um tom específico para cada um de seus grandes assuntos – e no manejo entre a luz e a escuridão que a imagem deve conter. O enquadramento, o recorte justo das imperfeições naturais e as pequenas nesgas que também formam as imagens indicam uma perspectiva mais adiante, empurrando nosso olhar, convidando-nos a ver ainda além. Os planos são construídos por uma lógica pictórica e registram na fotografia marcas que mais parecem terem sido feitas por pincéis e áreas diluídas de aquarela. Atentos, damo-nos conta de que é apenas o vento, a chuva ou o foco dirigido, sem artifícios. No caso de Schietti, reforçam outros interesses do artista em relação ao desenho e à pintura.

Chamam a atenção duas qualidades inegáveis nesta mostra de estreia de Vitor Schietti: a simplicidade exuberante dos resultados – sem afetações de estilo e sem pretensão de arroubos – e a excitação que tais imagens (tão plácidas) produzem no observador, instigando-nos ao desejo, estimulando-nos a acompanhar sua jornada. Em mim, geram a vontade de ir e de fotografar.

Os retratos – aqui postos em paralelo, pontuando a sequência de paisagens – são o espelhamento do corpo do artista, personagens emprestados como seu alter ego. Surgem como frutos do ambiente, criaturas simbióticas, transeuntes submergidos, reflexivos em uma tomada filosófica a que Schietti também se impõe, analisando o destino em busca de uma urgente transcendência. Indicam a qualidade essencial dos espaços na definição do caráter humano e a controvérsia inerente à paisagem.

Pois há um problema específico na questão da paisagem como assunto na arte, o qual simultaneamente lhe concede valor e significado. Ao contrário de tudo o mais, a imagem da paisagem preserva o especial sentido (enganador) de impulsionar o olhar em uma armadilha de fidelidade. Ao vermos uma fotografia de paisagem – ou mesmo uma pintura – queremos crer que se trata de uma janela que se abre para a verdade. Dessa forma, negamos a imagem, em detrimento de uma ilusão, pois a paisagem é construída estritamente pelo olhar. Só depois a mão e o instrumento conseguirão cristalizá-la em um suporte. O lugar não está aqui, está lá. O que vemos aqui, em cada uma das fotografias, é o próprio artista, através de seu olhar. Os lugares fotografados, portanto, nunca estão vazios.

A dificuldade de escolha em um universo amplo e variado de imagens dirigiu a curadoria na montagem deste acervo, estabelecendo a opção: mostra-se nesta sala um acervo representativo da jornada empreendida, reservando-se a exploração particular de cada assunto para outras exposições. O acervo disponível é suficientemente rico para tanto.

Aqui cada fotografia impõe uma questão, e essa justaposição de imagens, lado a lado, alinhava uma narrativa, não na forma de uma novela ou de uma ficção objetivas, mas numa sucessão que busca nexo em nossos pensamentos. Paisagem para entender aonde somos, personagem para entender a que estamos. Rastros, como documentos deixados em uma mesa, em um deserto de espantos.

Ralph Gehre, abril de 2011

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3 thoughts on “Jornada Americana

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